segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Paranóia Suína

De algumas décadas para cá, constantemente tem havido uma ampla disseminação de novas doenças, causadas por uma geração nova de bactérias e vírus, nunca antes vistos pelo homem. Um fato que interliga todas essas doenças é de curiosamente todas terem sido inicialmente detectadas em animas antes de serem transmitidas ao homem. É o caso das gripes aviária e suína, do mal da vaca louca entre outras.
A origem de tudo isso infelizmente é ainda pouco divulgado (mas já conhecida), talvez pelo perigo que causariam certas informações se fossem amplamente disseminadas.

Tomando como exemplo o mal da vaca louca, é sabido que uma determinada proteína (Príon), produzida através de uma mutação genética, causou essa doença. Mas indo mais fundo e buscando saber o que causou essa mutação, descobrimos que foi nada mais nada menos que a ração que o animal ingere. Esta ração, pasmem, feita para bovinos é feita de restos dos mesmos. Ou seja, utilizam-se de restos de vacas e bois mortos (não é muito suspeitar que alguns mortos por doenças) para alimentar os animais vivos que servirão futuramente de alimento. Não bastasse o canibalismo bovino que já deve ter isoladamente sérias conseqüências para o organismo do animal, esse fato ainda soma-se a “cavalar” quantidade de hormônios e antibióticos que os animais ingerem (e não se enganem, ao comermos a carne destes animais ingerimos também os mesmos hormônios e antibióticos que estes possuíam na sua carne), causando a mutação que acabou por criar essa nova doença, o mal da vaca louca, que causou tanto temor no mundo.

Atualmente o animal e a doença são outros, mas não é muito suspeitar que a causa de tudo isso seja a mesma, já que todos os animais que são criados destinados ao abate passam invariavelmente pelo mesmo tipo de tratamento alimentar e invariavelmente uma imensa dose de crueldade física, típica da mente sádica humana que se esquece que estes seres tratam-se de vidas não de simples produtos ou mercadorias que tem por finalidade apenas duas funções: alimentação humana e lucro.

Mas esse post não é de cunho biológico, mas sim político.
Visto o enorme alarde que se esta sendo dado a nossa mais nova epidemia, a gripe suína, é importante questionar alguns pontos:

Primeiro, porque tamanho alarde se essa nova gripe comparativamente à gripe comum tem índice de mortalidade até inferior? Pra que esse sensacionalismo midiático, que ao invés de ajudar somente atrapalha, causando pânico nas pessoas que acabam por superlotar os hospitais e postos de saúde tornando ainda pior o nosso sistema de saúde pública, e em decorrência disso, causando indiretamente inúmeras mortes por falta de atendimento, mau atendimento ou falta de tratamento?

Começo a imaginar que o problema do número elevado de óbitos por causa do “tão temido” Influenza A (H1N1), tem sua origem muito mais nos problemas sócio-políticos dos países afetados do que na “potência” do vírus propriamente dita, pois é sabido que países pobres têm invariavelmente um sistema de saúde pública de péssima qualidade, e que com esse gigantesco alarde midiático torna-se pior ainda, pois acarreta uma maior superlotação, pior atendimento e diagnóstico e em conseqüência, tratamento. Curioso que, em comparação, são raríssimas as pessoas com acesso a um sistema de saúde melhor do que o público que chegam a óbito por causa dessa virose.

Não seria melhor então que cada um cumprisse o seu papel, ou seja, a mídia informasse ao invés de desinformar e criar pânico, o Estado melhorasse o sistema de saúde pública, criando mais vagas, melhorando o atendimento, tornando acessível à população pobre os avanços tecnológicos da medicina, sem esquecer de melhorar inclusive o salário dos profissionais desta área que por vezes são obrigados a trabalhar em turno dobrado ou triplicado por causa da sua baixa remuneração o que acaba por afetar a qualidade do atendimento oferecido por esse profissional. Mas não nos esqueçamos da origem de tudo isso: a criação de animais para abate. Será que não é possível que seja mais bem regulada, inspecionada, humanizada (se é que isso é possível) e que sejam proibidas certas praticas comuns hoje no tratamento por sua crueldade e possível dano à saúde animal e humana?

Suponho que o homem seja sim capaz de fazer isso, mas existe uma lógica que o atrapalha e impede de fazer isso: a lógica de mercado, a lógica de competição e lucro, que faz com que a imprensa seja sensacionalista para vender mais e obter maiores lucros, fazendo com que a indústria farmacêutica também fature alto com a mais nova doença do “mercado” (já que foi criada uma ampla demanda dos seus medicamentos, tendo por pano de fundo o alarde midiático e a paranóia generalizada que foi então criada); que faz a criação animal ser tão nojenta e sádica em prol de maiores lucros, pouco se importando com as conseqüências físicas (para o animal e para o homem) e sociais daquilo e, por fim, o jogo de interesses políticos que faz com que o Estado não invista em certos setores chave como a saúde, jogando-o para uma privatização que se traduz em um “cada um por si”, pois quem pode pagar por um sistema de saúde decente, que pague e viva, quem não pode, que morra na porta de um hospital público ou de um posto de saúde.


Vídeo muito bom que mostra os nojentos interesses da indústria farmacêutica no pânico generalizado que foi criado em torno da gripe suína:
http://www.youtube.com/watch?v=CcgCBiyGljM

Filme Terraqueos (Earthlings) que mostra a desumanidade do ser humano no trato dos animais, o que pode explicar muito sobre as doenças nascidas nesses seres, por consequência dos maus tratos e da crueldade que por fim, passam para nós humanos:
Baixe aqui
Assista aqui ou aqui.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O Nefasto BC

Muito se fala e se articula na nossa mídia sobre a política de juros que o Banco Central do Brasil vêm adotando nos últimos anos e, sobretudo nos últimos meses (de crise).
As reclamações parecem ecoar em uníssono: A taxa Selic está muito alta! Esses juros altos travam a economia!

Mas são como gritos no deserto que ecoam sem encontrar quem os ouça!
Mas porque será que é assim?
Porque o BC não atende às reivindicações dos mais variados setores da nossa economia (desde altos industriais a pequenos comerciantes)?

Para entender isso é necessário entender a estrutura que compõe essa instituição.
O Banco Central do Brasil foi criado em 1986 em substituição à antiga SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito) para ser um organismo econômico-financeiro ligado ao Ministério da Fazenda unificando as atribuições de três instituições diferentes: a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional.
Em suma: o BC é o Banco dos Bancos. Ele que aplica as políticas financeiras desenvolvidas (em tese) pelo Ministério da Fazenda e entre essas atribuições à de estabelecimento da taxa de juros (a taxa Selic) além de outras (ver link).

A taxa de juros é definida mediante as reuniões (oito em um ano) do Comitê de Política Monetária (Copom).
O Comitê de Política Monetária é um órgão do Banco Central e tem como objetivo estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa básica de juros.
O Copom é composto pelos oito membros da Diretoria Colegiada do Banco Central e é presidido pelo presidente da autoridade monetária (Henrique Meireles). Também integram o grupo de discussões os chefes de departamentos, consultores, o secretário-executivo da diretoria, o coordenador do grupo de comunicação institucional e os interesses escusos dos grandes bancos privados.

O problema todo está no funcionamento.
O BC que foi criado como um meio político-governamental de se regular as atividades e as políticas financeiras do pais acaba por funcionar exatamente ao contrário.
Onde havia de ter uma sobreposição do poder político aos interesses privados ocorre justamente o contrário, ou seja, os grandes bancos e o capital financeiro que deveriam ser regulados pelo BC regulam o mesmo.
Não é o Banco Central, que deveria ser o representante do interesse público já que está vinculado ao Ministério da Fazenda, que dita as regras da nossa economia, mas sim os interesses privados por trás da política realizada pelo Ministério da Fazenda que o faz.

O BC não é o braço governamental dentro dos bancos privados, mas os bancos privados é que usam o BC como braço para entrar dentro da esfera política. O Estado Brasileiro é que é contaminado por esses abjetos interesses dos grandes bancos!

Resultado: Temos a maior taxa de juros do mundo, que acarreta entraves econômicos e produtivos no país em prol do lucro dos que possuem títulos de dívida pública (os grandes bancos privados) sobre os quais incidem os mesmos juros estabelecidos pelo Copom.

A partir daí é possível entender como foi possível os grandes bancos brasileiros realizarem a façanha de mesmo com a crise econômica obterem lucros exorbitantes, ultrapassando a cifra dos bilhões, enquanto ao mesmo tempo o país estava a beira de entrar numa recessão econômica.

A desculpa dada por esses senhores que compões o BC nos últimos meses é um afronte à inteligência alheia, pois dizem eles: “Não baixamos mais os juros com medo que isso acarrete num aumento inflação”, quando todos os prognósticos feitos pelos mais competentes institutos de pesquisa econômica do Brasil demonstram que a nossa inflação está controlada e não tem a tendência a subir por hora.
Essa política “conservadora” de não baixar juros por medo da inflação não passa de desculpa esfarrapada que esconde por trás dela toda uma podridão de um sistema regulador da atividade financeira corrompido pelos interesses privados.

Se os juros fossem baixados drasticamente (como querem os mais variados setores da nossa economia) os lucros dos bancos privados (detentores dos títulos de dívida pública) cairiam também drasticamente, mas em contrapartida haveria um aumento da atividade econômica alavancada pelos baixos juros que facilitariam o financiamento, desencadeando um ciclo virtuoso onde a economia brasileira só sairia ganhando.

Mas no mundo real, no mundo onde os interesses privados se sobrepõe aos públicos, onde ocorrem por debaixo dos tapetes ministeriais e governamentais as mais diversas maracutaias e imoralidades administrativas, uma política que só faria bem a saúde econômica do Brasil não é realizada porque prejudicaria uma meia dúzia de banqueiros.

Por essa e outras (como a falta de investimento público em certos setores) que temos um crescimento tão pífio quando comparado aos demais países emergentes (Bric’s), por essa e outras que o Brasil rasteja, rasteja e não cresce conforme o seu potencial.

É lamentável, mas é a pura realidade!

Links de interesse:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_Central_do_Brasil
http://www.bcb.gov.br/?SOBREBC
http://www.bcb.gov.br/?COPOMHIST
http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL428580-9356,00-BRADESCO+TEM+MAIOR+LUCRO+ENTRE+BANCOS+PRIVADOS+DE+CAPITAL+ABERTO+EM+ANOS.html
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2009/03/20/tres-bancos-brasileiros-estao-entre-os-cinco-mais-lucrativos-das-americas-diz-economatica-754921239.asp

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Abemos Obama!

É impressionante como a grande mídia trata da eleição/posse do presidente estadunidense Barak Obama. Parece que essa pessoa foi eleita presidente do planeta e não apenas de um dos países mais detestáveis e detestado do mundo.
Como se não bastasse reduzir o mundo à mera esfera de influência dos EUA, as expectativas que colocam em cima dele fazem-no parecer um semi-deus.

Mesmo que isso fosse realidade, é preciso antes lembrar que num regime político republicano, as decisões do poder executivo não tem fim em si mesmas, ou seja, não dependem só do senhor semi-deus e presidente do mundo Barak Obama. Elas passam também pelo crivo do legislativo (o congresso estadunidense), onde se acotovelam democratas (situação) e republicanos (oposição).
Caso não raro, o congresso estadunidense é tão sujo quanto o seu irmão tupiniquim. Basta lembrar do episódio onde o Sr. Bush para conseguir liberar 700 milhões de dólares para dar liquidez à sua economia, já em crise, teve que negociar e dar benesses para os seus nobres deputados e senadores em troca da aprovação do pacote.

Além do congresso, nos EUA existe um 4º poder, que age paralelamente aos demais e por vezes (para não dizer na maioria das vezes) se sobrepõe a eles. Trata-se dos lobys e corporações que dominam a economia e política estadunidense, e, por vezes mundial.
Essa última instância de poder faz do legislativo daquele país uma simples marionete, vendendo-lhes seus interesses e manobrando-lhes da maneira que bem lhes aprouver, maquiavelicamente falando. Tão forte são essas corporações e lobys que até mesmo o executivo se ajoelha a eles (como dizia uma velha piadinha política: a diferença entre um democrata e um republicano está na velocidade com que se ajoelham aos lobys) dado seu gigantesco poder de persuasão, invariavelmente econômica, mas também política.

Difícil acreditar que uma só pessoa, como se fosse um messias, vá resolver todos os problemas do mundo, ou quiçá os problemas do seu país! Primeiro ele terá que dizer com qual milagre conseguirá passar por cima dos interesses escusos que dominam a política dos EUA, para tratar dos interesses reais da população comum do seu país que o elegeu.
O ópio da nossa “amável” imprensa, e não só a brasileira, tem contaminado demais as pessoas que parecem viver num conto de fadas, como se a partir da posse de Obama, todos os problemas possíveis e imagináveis dos EUA e do mundo serão findos. Ledo engano!