sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Jornalismo Econômico e a Economia Real

Ao assistir qualquer noticiário da televisão ou rádio nesses últimos meses, um tema tem se destacado em importância no que é noticiado: a crise econômica sem precedentes que estamos vivendo!

Não quero falar sobre a crise em si, mas como ela está sendo tratada, noticiada e vista pelos nossos jornalistas.

Primeiramente gostaria de esclarecer alguns conceitos e correntes econômicas que existem, apesar de a nossa imprensa só dar ouvidos a uma única forma e corrente de pensamento, que é a Neoclássica.

A corrente Neoclássica é a base teórica da economia da maioria dos países e é também o que potencializou essa crise. Seus preceitos básicos confundem-se com os preceitos do neoliberalismo político, ou seja, é a vertente econômica do neoliberalismo. Seus defensores apóiam o Estado minimalista, não intervencionista onde os governos só existem para estar a serviço das forças e grupos economicamente hegemônicos da sociedade. Defendem que a própria oferta é capaz de criar demanda a ela (o que deixa os especuladores livres para investirem onde bem entenderem, pouco se preocupando com as reais necessidades de investimento de um país) e o que considero hoje (a beira de uma recessão) crucial para entender alguns dos motivos dessa crise é o fato de esta linha de pensamento econômico ignorar que a economia financeira (mercado de ações/bolsas de valores) interfere na economia real nossa do dia-a-dia.
Se tudo isso que pregam os neoclássicos fosse verdade não estaríamos vivendo numa crise e à beira de uma recessão mundial. O mundo seria perfeito, às mil maravilhas...

Felizmente para uns e infelizmente para outros o mundo e as coisas não são bem assim.

A corrente oposta à Neoclássica é o que podemos chamar de Estruturalismo, que tem entre suas vertentes principais o Keynesianismo (aquele que o único capaz de resgatar o mundo da crise de 29 e a grande depressão subseqüente).
Em linhas mestras essa corrente defende a tendência de crises do capitalismo, ou seja, as crises cíclicas e como única maneira de conter ou amenizar os efeitos dessa tendência o intervencionismo Estatal nas economias. Essa tendência à crise, é algo impossível de se negar, pois se formos estudar a história do capitalismo, esta se confundirá com a história das crises do capitalismo, o que automaticamente já prova a teoria de crises cíclicas.
Outro ponto defendido pelo estruturalismo Keynesiano é o da contaminação da economia real pela economia financeira. Isso se vê facilmente no dia-a-dia. Exemplificando: basta a cotação do petróleo subir na bolsa de valores (de forma especulativa) que automaticamente temos o aumento no preço dos seus derivados na economia real. A especulação da economia financeira tem reflexos claros na economia real nossa do dia-a-dia.
O Estruturalismo Keynesiano também defende que a oferta não cria demanda e sim o contrário e o fato de se acreditar na possibilidade neoclássica leva a descompensamentos produtivos, onde não se investe na produção das reais necessidades de um país, o que acarreta a inflação de produtos essenciais.

Agora porque somente é dado voz à visão neoclássica da economia por parte da nossa imprensa e porque os economistas trabalham com essa visão em detrimento da visão estruturalista que é mais sensata?

Fácil entender.
Para uma pessoa que vive da especulação financeira seria praticamente suicido trabalhar com a possibilidade de estar à beira de uma crise a cada momento. O mercado ficaria sempre em pânico e a especulação não alçaria vôos tão altos como alça atualmente. Então essas pessoas preferem fazer de conta que nada disso existe ou é verdadeiro para poder conseguir ganhos rápidos e fáceis e se porventura estourar uma crise (o que é normal que aconteça) os Estados e governos é que devem ser responsabilizados, não eles os verdadeiros agentes e causadores da crise.

Já o fato de a imprensa só da voz a essa visão, ocorre por ter ela estreitas ligações com toda essa economia financeira e principalmente para não veiculando essa outra visão da realidade, fazer a sua parte de tentar manter as coisas como estão, ajudando assim os seus parceiros do mercado financeiro que são também os seus patrocinadores. Ou seja: uma mão lava a outra.

Quanto à crise em si:
O mundo não vai acabar!
Essa crise só é mais uma das crises cíclicas do capitalismo, só que em proporções maiores pela “perspicácia” dos nossos especuladores financeiros e sua avidez por lucros, que fizeram dos mercados financeiros verdadeiros cassinos, ignorando as conseqüências disto para a economia mundial.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Eleições: Mais do Mesmo

E mais uma eleição se dá e findo o 1º turno, com a definição dos legislativos municipais mais uma vez vemos o “mais do mesmo”. Mais uma vez são eleitos candidatos sem nenhum preparo, sem um mínimo de conhecimento político ou propostas bem definidas. Mais uma vez o absurdo se repete, mais uma vez pessoas oportunistas se instalam nas brechas do nosso sistema político para garantir uma “boquinha” na política, e no local preferido deles: o legislativo.

Poucas pessoas têm a consciência das atribuições de um vereador, não por culpa própria, mas por falta de acesso a essas informações. Infelizmente muito pouco é divulgado sobre atribuições. Só vemos serem noticiados os escândalos, pois vendem jornal e dão ibope.
Culpar a população pelo absurdo de eleger o candidato X ou Y é cair na mesmice e cruzar os braços perante ela. Não ajo e espero nunca agir assim. É preciso procurar entender o por que isso ocorre e agir para que não ocorra novamente!

A excessiva permissividade dos partidos políticos à aceitação de candidaturas esdrúxulas (para dizer o mínimo) é, em grande medida, o que leva a ocorrer estes absurdos.
Por que não exigir um mínimo de conhecimento da prática política do candidato?
Por que os partidos não selecionam melhor os seus candidatos e deixam que a população “escolha” de acordo com a maior, ou melhor, publicidade que o candidato tiver?
Quem ganha com isso? A população os partidos ou os pára-quedistas eleitos? Suponho que só os dois últimos!

Na lógica do absurdo, basta ser público ou conhecido por qualquer atividade, que invariavelmente não é política, para ser candidato e deixar que o marketing político faça o resto.

Até quando esses oportunistas e seus asseclas (os partidos) continuarão ludibriando a população?

A população não é culpada e sim vítima da nossa “perfeitíssima” e “infalível” democracia!

Agora o que esperar dos próximos quatro anos de legislatura municipal com tantos “pára-quedistas” ocupando cargos para os quais não tem o mínimo preparo e conhecimento de prática?

Lamentar ou lutar para evitar que isso volte a acontecer?
Lamentar é conformismo e não leva a nada (ou leva a piorar a situação).
Lutar é ação e leva à melhora, ao aperfeiçoamento. É difícil, mas não impossível!

E você que também se sente inconformado com o que acontece na vida política da sua cidade, estado e país vai ficar aí parado lamentando e chorando pelo leite derramado?
Não seja conivente com o absurdo, lute, exija, batalhe, acredite e principalmente cobre!