terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Humanos Direitos???

Neste ano de 2008 completam-se 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Os Direitos Humanos provém na cultura ocidental dos chamados “direitos naturais” do homem. É possível encontrar em Platão, Aristóteles e Heráclito, que com o Direito Natural pregavam que todos os seres humanos nasciam com determinados direitos inerentes à natureza, alguns dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que neste 10 de dezembro completou 60 anos.

O primeiro documento que reconhece explicitamente os direitos naturais é o "Bill of Rights", declaração de direitos inglesa, proclamada em 1689. O grande avanço desta Carta é a extinção do direito divino dos reis e a idéia do “freeborn englishmen” (inglês livre por nascença). Embora reconheça as liberdades naturais dos ingleses, ela exclui todos os outros povos.

Em 1789 é dado um grande passo para a universalização dos direitos durante a Revolução Francesa, quando a Assembléia Nacional declara os Direitos do Homem e do Cidadão, válida para todos os indivíduos. Porém essa Declaração, na prática, não garantiu de fato todos os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem.

Estes documentos são a base da Declaração dos Direitos Humanos de 1948, fortemente influenciado pelo horror e violência da primeira metade do século, sobretudo pelas atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. A Declaração estende a igualdade a todos os humanos, incluindo direitos nos campos econômicos, sociais e culturais. Porém ainda estamos muito longe de universalizar esses direitos.

Críticas

Atualmente, os direitos humanos são erroneamente criticados, atacados por um típico discurso que todos nós já ouvimos pelo menos alguma vez na vida: “direitos humanos para humanos direitos”, como se houvesse seres superiores e inferiores (os direitos e os errados), remetendo ao que justamente a ONU, quando da sua criação, combateu e que deixou o mundo todo ogerizado, a eugenia, só que agora não mais étnica, mas sim no que tange a moralidade dos padrões atualmente impostos.

Essas pessoas que assim criticam as entidades ligadas aos Direitos Humanos e os próprios direitos em si, muitas vezes se esquecem, que esses aos quais eles chamam de “não direitos” não tiveram os mesmos direitos que eles ao nascer, como estabelece o artigo 1º da declaração (“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”). É simplista e superficial demais atacar as conseqüências sem ao menos buscar conhecer as causas, ignorando-as.

Os direitos humanos existem sim, e eles só foram universalmente declarados depois de o mundo ter presenciado os horrores que duas guerras mundiais trouxeram ao mundo, sem contar as divulgações que englobam o subdesenvolvimento, a fome e a miséria, principalmente no continente africano, mas também nos países pobres da América Latina e Ásia. É um ato tão nefasto querer restringir esses direitos a apenas algumas pessoas “direitas”, quanto foram os atos que fizeram com que o mundo acordasse de seu transe bélico para pensar o ser humano e a sua vida no mundo.
É um retrocesso, mas infelizmente as pessoas que proferem absurdos como estes mal têm a consciência do que representa tal ato e o que representa para a humanidade a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Sessenta anos depois

Sessenta anos depois de ser lançada, a Declaração Universal dos Direitos Humanos continua atual. E assim o é por um motivo muito simples: o texto, que defende um mundo em que todos terão o direito de comer, liberdade para se expressar e outros direitos básicos respeitados, continua sendo uma utopia.
Avanços houveram, mas ainda longe da pretensão inicial da carta de ser algo universal.

Em uma reunião com jornalistas em Genebra, na Suíça, nesta semana, Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e ex-alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, provocou os presentes, questionando: "Por que, 60 anos depois, fracassamos em evitar genocídios? Por que, 60 anos depois, não conseguimos mudar dramaticamente as circunstâncias das mulheres ou seguir o artigo 1º, que diz que todos os seres humanos nascem iguais e livres na dignidade e nos direitos?"

É algo realmente preocupante quando pessoas ditas bem informadas e inteligentes preocupam-se com restrição dos direitos à apenas algumas pessoas enquanto no mundo ainda ocorram genocídios, como em Darfur, Palestina, Guerras do Afeganistão e Iraque e ainda existam instituições, como a prisão Guantánamo, que descumpram e firam sem o menor pudor leis e acordos sancionados pela maioria das nações visando justamente o respeito a esses direitos.

Será que o homem depende de ver o horror aos seus olhos a todo instante para pôr a mão na consciência e ter ao menos algum resquício de altruísmo para valorizar e lutar por direitos já expressos, mas não respeitados?
Será que precisaremos de outra Guerra Mundial para que o mundo realmente se engaje em universalizar esses direitos?

"O mundo é perigoso não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa daqueles que vêem e deixam o mal ser feito" (Albert Einstein)


Link para o texto na íntegra da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Jornalismo Econômico e a Economia Real

Ao assistir qualquer noticiário da televisão ou rádio nesses últimos meses, um tema tem se destacado em importância no que é noticiado: a crise econômica sem precedentes que estamos vivendo!

Não quero falar sobre a crise em si, mas como ela está sendo tratada, noticiada e vista pelos nossos jornalistas.

Primeiramente gostaria de esclarecer alguns conceitos e correntes econômicas que existem, apesar de a nossa imprensa só dar ouvidos a uma única forma e corrente de pensamento, que é a Neoclássica.

A corrente Neoclássica é a base teórica da economia da maioria dos países e é também o que potencializou essa crise. Seus preceitos básicos confundem-se com os preceitos do neoliberalismo político, ou seja, é a vertente econômica do neoliberalismo. Seus defensores apóiam o Estado minimalista, não intervencionista onde os governos só existem para estar a serviço das forças e grupos economicamente hegemônicos da sociedade. Defendem que a própria oferta é capaz de criar demanda a ela (o que deixa os especuladores livres para investirem onde bem entenderem, pouco se preocupando com as reais necessidades de investimento de um país) e o que considero hoje (a beira de uma recessão) crucial para entender alguns dos motivos dessa crise é o fato de esta linha de pensamento econômico ignorar que a economia financeira (mercado de ações/bolsas de valores) interfere na economia real nossa do dia-a-dia.
Se tudo isso que pregam os neoclássicos fosse verdade não estaríamos vivendo numa crise e à beira de uma recessão mundial. O mundo seria perfeito, às mil maravilhas...

Felizmente para uns e infelizmente para outros o mundo e as coisas não são bem assim.

A corrente oposta à Neoclássica é o que podemos chamar de Estruturalismo, que tem entre suas vertentes principais o Keynesianismo (aquele que o único capaz de resgatar o mundo da crise de 29 e a grande depressão subseqüente).
Em linhas mestras essa corrente defende a tendência de crises do capitalismo, ou seja, as crises cíclicas e como única maneira de conter ou amenizar os efeitos dessa tendência o intervencionismo Estatal nas economias. Essa tendência à crise, é algo impossível de se negar, pois se formos estudar a história do capitalismo, esta se confundirá com a história das crises do capitalismo, o que automaticamente já prova a teoria de crises cíclicas.
Outro ponto defendido pelo estruturalismo Keynesiano é o da contaminação da economia real pela economia financeira. Isso se vê facilmente no dia-a-dia. Exemplificando: basta a cotação do petróleo subir na bolsa de valores (de forma especulativa) que automaticamente temos o aumento no preço dos seus derivados na economia real. A especulação da economia financeira tem reflexos claros na economia real nossa do dia-a-dia.
O Estruturalismo Keynesiano também defende que a oferta não cria demanda e sim o contrário e o fato de se acreditar na possibilidade neoclássica leva a descompensamentos produtivos, onde não se investe na produção das reais necessidades de um país, o que acarreta a inflação de produtos essenciais.

Agora porque somente é dado voz à visão neoclássica da economia por parte da nossa imprensa e porque os economistas trabalham com essa visão em detrimento da visão estruturalista que é mais sensata?

Fácil entender.
Para uma pessoa que vive da especulação financeira seria praticamente suicido trabalhar com a possibilidade de estar à beira de uma crise a cada momento. O mercado ficaria sempre em pânico e a especulação não alçaria vôos tão altos como alça atualmente. Então essas pessoas preferem fazer de conta que nada disso existe ou é verdadeiro para poder conseguir ganhos rápidos e fáceis e se porventura estourar uma crise (o que é normal que aconteça) os Estados e governos é que devem ser responsabilizados, não eles os verdadeiros agentes e causadores da crise.

Já o fato de a imprensa só da voz a essa visão, ocorre por ter ela estreitas ligações com toda essa economia financeira e principalmente para não veiculando essa outra visão da realidade, fazer a sua parte de tentar manter as coisas como estão, ajudando assim os seus parceiros do mercado financeiro que são também os seus patrocinadores. Ou seja: uma mão lava a outra.

Quanto à crise em si:
O mundo não vai acabar!
Essa crise só é mais uma das crises cíclicas do capitalismo, só que em proporções maiores pela “perspicácia” dos nossos especuladores financeiros e sua avidez por lucros, que fizeram dos mercados financeiros verdadeiros cassinos, ignorando as conseqüências disto para a economia mundial.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Eleições: Mais do Mesmo

E mais uma eleição se dá e findo o 1º turno, com a definição dos legislativos municipais mais uma vez vemos o “mais do mesmo”. Mais uma vez são eleitos candidatos sem nenhum preparo, sem um mínimo de conhecimento político ou propostas bem definidas. Mais uma vez o absurdo se repete, mais uma vez pessoas oportunistas se instalam nas brechas do nosso sistema político para garantir uma “boquinha” na política, e no local preferido deles: o legislativo.

Poucas pessoas têm a consciência das atribuições de um vereador, não por culpa própria, mas por falta de acesso a essas informações. Infelizmente muito pouco é divulgado sobre atribuições. Só vemos serem noticiados os escândalos, pois vendem jornal e dão ibope.
Culpar a população pelo absurdo de eleger o candidato X ou Y é cair na mesmice e cruzar os braços perante ela. Não ajo e espero nunca agir assim. É preciso procurar entender o por que isso ocorre e agir para que não ocorra novamente!

A excessiva permissividade dos partidos políticos à aceitação de candidaturas esdrúxulas (para dizer o mínimo) é, em grande medida, o que leva a ocorrer estes absurdos.
Por que não exigir um mínimo de conhecimento da prática política do candidato?
Por que os partidos não selecionam melhor os seus candidatos e deixam que a população “escolha” de acordo com a maior, ou melhor, publicidade que o candidato tiver?
Quem ganha com isso? A população os partidos ou os pára-quedistas eleitos? Suponho que só os dois últimos!

Na lógica do absurdo, basta ser público ou conhecido por qualquer atividade, que invariavelmente não é política, para ser candidato e deixar que o marketing político faça o resto.

Até quando esses oportunistas e seus asseclas (os partidos) continuarão ludibriando a população?

A população não é culpada e sim vítima da nossa “perfeitíssima” e “infalível” democracia!

Agora o que esperar dos próximos quatro anos de legislatura municipal com tantos “pára-quedistas” ocupando cargos para os quais não tem o mínimo preparo e conhecimento de prática?

Lamentar ou lutar para evitar que isso volte a acontecer?
Lamentar é conformismo e não leva a nada (ou leva a piorar a situação).
Lutar é ação e leva à melhora, ao aperfeiçoamento. É difícil, mas não impossível!

E você que também se sente inconformado com o que acontece na vida política da sua cidade, estado e país vai ficar aí parado lamentando e chorando pelo leite derramado?
Não seja conivente com o absurdo, lute, exija, batalhe, acredite e principalmente cobre!

domingo, 28 de setembro de 2008

Democracia brasileira: Sui generis

Muito se fala sobre a conquista do direito de voto alcançado pelos que lutaram contra a ditadura e pró-diretas já. Mas será que a democracia que eles sonharam é a que se realiza atualmente no Brasil?

Temos um sistema eleitoral idiotizante e antidemocrático, onde numa eleição basta ser conhecido ou “famoso” para pleitear um cargo ao invés de ser exigido um mínimo de conhecimento e competência na prática política.

Pela quantidade de candidatos que temos torna-se impossível um debate amplo (democrático) e a comparação de propostas (principalmente no que tange os cargos legislativos) durante a campanha eleitoral. Não só o modelo eleitoral está errado como os partidos também o estão, por permitirem certas candidaturas que beiram o ridículo (quando não são ridículos por inteiro), além tomarem o tempo de algum candidato sério que ouse querer expor suas propostas.
Não se trata de limitar ou cercear candidaturas, mas seria sensato selecionar para aumentar o nível das propagandas e dos debates.

Quanto à escolha “democrática” em si, nós eleitores nos vemos como num cassino, pois não raro, muitos votam num candidato (principalmente no segundo turno) em que identificam como o “menos pior” ou então (o que é pior) “para o outro não ganhar”.
Ora, partindo-se do princípio que a democracia é a forma de governo que prioriza a representatibilidade, que representantes teremos ao eleger um candidato embasado nessa lógica burra e absurda? Sinceramente não me sinto representado!

O segundo turno, no meu ponto de vista, talvez seja o caso mais nefasto existente na nossa “peculiar” democracia.
Ocorre uma verdadeira venda de apoios e coligações em que a moeda de troca é invariavelmente cargos ministeriais ou secretarias do candidato então eleito. Trocando em miúdos, troca-se apoio na eleição por cargos dados não ao mais capacitado nem ao que o partido ou a pessoa eleita deposite maior confiança, mas aos senhores sanguessugas do Estado que melhor tiverem lábia para consegui-lo.
Perde-se em competência e capacidade administrativa e o que é pior, integridade do programa partidário, pois nesses moldes sempre teremos na composição do governo indesejados intrusos provenientes de acordos escusos.
Não podemos simplesmente acabar com o segundo turno, pois nenhum candidato ao executivo pode ser eleito com menos de 50% mais um voto, mas é totalmente viável a proibição de tais alianças ou o impedimento que afiliados de outros partidos que não o situacionista ocupem tais cargos.

Saídas?

Primeiro a reforma política (que é prioridade de todo presidente, senador e deputado federal quando se elege), que não sai do papel pelo fato de o “status quo” estar perfeito para a reprodução das incompetências, mentiras, roubos e outras atividades ilícitas que os nossos representantes tanto gostam.
Não vejo meio de essa reforma sair se não por uma pressão pública (não só nas eleições), em que têm importância crucial a imprensa (que só se interessa pelos factóides e imediatismos da nossa vida política em prejuízo do longo prazo e do que realmente importa) como catalisadora do processo.
Infelizmente não vivemos mais num país onde alguns setores sociais são politizados. Hoje impera a ignorância, o descaso e o vil analfabetismo político. “Por culpa dos políticos” diz a unanimidade em coro, mas como já dizia Nelson Rodrigues “Toda unanimidade é burra”, pois quem elege e depois não cobra, não acompanha ou faz vista grossa para ações ímprobas são os eleitores.

Saudade do país das passeatas, das manifestações, dos caras pintadas e da juventude engajada!

Outra medida salutar seria a extinção do voto obrigatório que faria com que os candidatos elevassem o nível das discussões e da campanha, debatendo propostas e não tanto a pessoa do candidato concorrente. Eles se veriam na necessidade de ter que realmente convencer o cidadão que vale a pena votar.

Finalmente a falta de senso crítico e de análise do brasileiro, somado ao seu baixo desenvolvimento intelectual, fazem de nós meros títires nas mãos de uma imprensa inescrupulosa e mais interessada no bem privado que no público que, em consequência disso, molda os seus ávidos consumidores de acordo com os preceitos que lhes interessam.
Portanto educar é preciso, formar cidadãos através de uma educação pública, abrangente e de qualidade é preciso.

Seria essa a democracia que os seus heróis queriam?

sábado, 16 de agosto de 2008

Georgia X Rússia (Análise de uma guerra estúpida)

A Ossétia do Sul é uma região do Cáucaso do Sul, anteriormente chamada de Oblast Autônomo da Ossétia do Sul, dentro da República Socialista Soviética da Geórgia, parte da qual tem sido independente de fato da Geórgia desde a sua declaração de independência como República da Ossétia do Sul, durante o conflito osseto-georgiano no início da década de 1990.

A independência do país, no entanto, ainda não recebeu reconhecimento diplomático oficial de qualquer um dos membros da Organização das Nações Unidas, que continua a considerar a Ossétia do Sul como parte integrante da Geórgia.

A Organização das Nações Unidas, a União Européia, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, o Conselho da União Européia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte e a maioria dos países do mundo reconhecem a Ossétia do Sul como parte da Geórgia.

No entanto o governo secessionista do estado não-reconhecido organizou um segundo referendo de independência no dia 12 de novembro de 2006, depois do primeiro referendo, realizado em 1992 não ter sido reconhecido pela comunidade internacional.

De acordo com as autoridades eleitorais de Tskhinvali, o resultado do referendo foi esmagadoramente favorável à independência com 99% dos eleitores apoiando a separação da Geórgia, com um índice de abstenção de cerca de 5% dos eleitores.

Nos últimos anos a zona tem aumentado a sua importância estratégica na rota do transporte energético, rivalizando a Rússia e o ocidente a sua influência na zona (não esquecer que os EUA têm 120 instrutores militares para treinar o exército georgiano e que a Geórgia é o terceiro país com mais tropas no Iraque).

Além disso, a Geórgia repatriou 800 soldados do Iraque com ajuda dos EUA que está também fornecendo armamento para a Geórgia.

Alguns analistas em diplomacia internacional acreditam que este conflito foi planejado pela Geórgia para poder ingressar na OTAN, já que para ser membro desta organização um estado não pode ter problemas territoriais não solucionados. Segundo estes mesmos especialistas, a Abecásia é o próximo alvo da Geórgia.

Comentário

No meu ver, a Geórgia estava realizando uma limpeza étnica no local para poder entrar como membro da OTAN. A Rússia se aproveitando deste pretexto, iniciou uma guerra com vistas a tentar reaver o território da Ossétia. Os EUA estão se aproveitando do conflito para retribuir a ajuda que a Geórgia lhes deu no Iraque além de faturar alto vendendo armamentos a eles.

O povo da Ossétia será o que mais irá sofrer neste jogo político e econômico que se transformou em uma guerra estúpida (se é que existem guerras que não o são) pela ganância do ser humano, que não contente em causar sofrimento aos seus semelhantes com suas políticas econômicas, o faz também por via armada.

Quando é que os homens irão compreender e aplicar o preceito dos anos 1968-69, quando o mundo, farto de guerras estúpidas (no caso a do Vietnã), gritava aos quatro ventos: MAKE LOVE, NOT MAKE WAR (Faça Amor, não faça Guerra)?

"Devemos aprender a viver juntos como irmãos
ou perecer juntos como tolos"
(Martin Luther King, Jr.)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O ABC da greve, 30 anos depois


Ao revisitar o berço de sua trajetória política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou que ainda custa a acreditar que chegou ao Palácio do Planalto. "De vez em quando fico em casa deitado, olhando para o teto, e me pergunto: será que é verdade que sou presidente da República?", nas comemorações de 30 anos da greve que levou 3 mil metalúrgicos a cruzarem os braços na fábrica da Scania, em 12 de maio de 1978.

De volta ao mesmo salão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em que convocou tantas assembléias do movimento grevista no final dos anos 70 e começo dos anos 80, Lula disse que faria o possível para evitar que o momento fosse transformado em uma "noite da nostalgia". A tentativa não surtiu efeito. "Voltar a São Bernardo 30 anos depois da greve da Scania é uma coisa emocionante, é uma volta ao passado", reconheceu. Quem olhava da platéia via de fato um Lula bem diferente do dirigente sindical que ia para a porta das fábricas. Vestindo terno e gravata, com a barba grisalha impecavelmente aparada, Lula preferiu entrar no salão do evento somente após encerrada a primeira etapa da comemoração: a projeção do documentário Linha de Montagem, do cineasta Renato Tapajós, produzido no início dos anos 80 para narrar as greves protagonizadas pelo hoje presidente e por seus colegas de sindicato.

Introduzido como "companheiro Luiz Inácio Lula da Silva", ele disse ver no ato de ontem uma lembrança de onde tudo começou. Na época, o hoje presidente liderava as negociações do movimento grevista que começou na Scania e se estendeu por outras fábricas do ABC. Antes de pedir a volta de todos ao trabalho, teve a promessa de que ninguém seria demitido por 120 dias. O acordo não foi cumprido. "A greve da Scania foi a primeira grande lição que tive na vida, a lição de você fazer um acordo e não ser cumprido. A lição de você ser acusado de traição", lembrou. "Para os trabalhadores da Scania, tínhamos feito uma traição imperdoável". Aqueles, segundo Lula, foram "dias malditos".

Para o hoje presidente, o maior ganho do movimento grevista daquela época não foi o aumento salarial ou melhores condições de trabalho, mas sim o surgimento de uma consciência política entre os trabalhadores.
(Fonte: O estado de São Paulo)

***

Trinta anos se passaram e uma questão que considero relevante é: Até que ponto os ideais e os projetos políticos daqueles sindicalistas ainda sobrevivem nos políticos em que eles se transformaram? Os sonhos, as aspirações que tinham na época, será que se acomodaram ao poder?

120 anos e...???


A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e Ela sancionou a Lei seguinte:
Art. 1º – É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2º – Revogam-se as disposições em contrário.

Uma data de grande importância, mas de raríssima repercussão na imprensa ocorreu ontem, dia 13 de maio, quando se completou 120 anos da Lei Áurea.
Não me estranha as raras menções e as mais raras ainda discussões sobre o fato no seu 120º aniversario. Discussões sobre o que foi feito para a integração dos negros na nossa sociedade quase nunca ganham espaço na nossa mídia.
Vivemos num país onde ainda há uma forte secessão entre brancos e negros, mas o que para mim é pior que este fato é a falta de discussões e de empenho para que ele deixe de existir.

O movimento negro no Brasil considera que a Lei Áurea foi apenas uma conquista na área jurídica, mas não social: os negros (45% da população atual do país) permaneceram marginalizados e até hoje lutam contra o preconceito.

O estudo “Desigualdade Racial no Brasil” revela que nas atuais velocidade e intensidade de implantação de políticas públicas, a igualdade só virá daqui a cinco décadas, ou seja, no aniversário de 170 anos da abolição da escravatura.

Enquanto uns vêem grandeza no documento que pôs fim à escravidão no Brasil, outros acreditam que a data apenas jogou os negros nas ruas, após a abolição, não houve qualquer política pública para integrar os ex-escravos à sociedade.

“A obra abolicionista não está completa”, concorda Edson Santos, ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. “Nossos ancestrais negros, embora libertos da escravidão, não receberam da sociedade ou do Estado os instrumentos que lhe permitiriam a verdadeira emancipação”.

Dos cerca de 15 milhões de analfabetos brasileiros, mais de 10 milhões são negros e pardos, segundo dados de 2006 do IBGE. No ensino superior não é diferente: o percentual de estudantes brancos é 34% maior que o de jovens negros ou pardos na faculdade. Além disso, os salários são, em média, 40% maiores na mesma faixa de escolaridade, considerando os rendimentos-hora.

Ainda de acordo com o IBGE, no que se refere à distribuição os negros ou pardos correspondem a 73% entre os mais pobres e somente a 12% dos mais ricos. Por outro lado, os brancos representam 26,1% da população mais pobre, e quase 86% da classe mais favorecida. Os negros detêm apenas 25,1% das vagas no quadro funcional das empresas, apesar de representarem 46,6% da população economicamente ativa e 44,7% da ocupada, segundo levantamento do Instituto Ethos e do Ibope Inteligência.

A participação do negro se afunila mais nos cargos de chefia: 17,4% na supervisão e 17% na gerência e apenas 3,5% no quadro executivo. A situação é mais alarmante se observada a participação da mulher. As negras representam 7,4% do quadro funcional, 5,7% da supervisão, 3,9% da gerência, e somente 0,26% do quadro executivo. De acordo com a pesquisa, de cerca de 1,5 mil diretores de empresas, apenas quatro são mulheres negras.

Baixa execução da Seppir


O fim da escravidão não resolveu a questão dos negros brasileiros na opinião do ministro Edson Santos. Ele cita como instrumento de combate ao racismo e conquista da igualdade racial à “SEPPIR, criada com a missão de coordenar as políticas públicas e ações afirmativas para a proteção dos direitos sociais de indivíduos em grupos raciais e étnicos, com ênfase na população negra”. Entretanto, em 2007, apenas 53% dos R$ 36,6 milhões autorizados a Seppir foram aplicados em programas e ações da pasta. O total gasto, em valores atualizados, equivale a R$ 19,6 milhões da verba autorizada.

Em 2006, a pasta utilizou um valor superior ao registrado em 2007, foram gastos 57% dos R$ 36,6 milhões autorizados, o que equivale a R$ 20,9 milhões. A subsecretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da Seppir, Gilvânia Silva, ressalta que também não basta ter espaço no orçamento, é necessário que os estados e municípios tenham iniciativa de solicitar o benefício, e no caso dos ministérios, cobre implementação das ações. “A Seppir não tem o poder de intervir, apenas de tentar convencê-los a aplicar os recursos”, afirma a subsecretária, referindo-se as ações de responsabilidade de outros ministérios.

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Com a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

(Trecho do poema Navio Negreiro de Castro Alves)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O Pastor de Obama!

Nesta ultima semana a corrida presidencial estadunidense ganhou uma nova polêmica ao serem divulgados vídeos do reverendo Jeremiah Wright, “assessor espiritual” do pré-candidato do partido democrata Barak Obama.
Vídeos estes em que reverendo faz críticas contundentes ao povo estadunidense e sua política externa, mas que não foram bem recebidos pela população daquele país.

Algumas das frases do reverendo:

"Bombardeamos Hiroshima, Nagasaki e bombardeamos com armas nucleares muitas outras pessoas que os milhares (que morreram) em Nova York e o Pentágono e nunca mudamos", afirmou Wright no domingo após os atentados de 11 de Setembro.

"Apoiamos o terrorismo de Estado contra os palestinos e os negros da África do Sul e agora ficamos indignados porque o que fizemos se volta contra nós".

"Este país foi fundado e é dirigido segundo um princípio racista (...). Acreditamos na superioridade branca e na inferioridade negra e acreditamos nisso mais que no próprio Deus".Num sermão de 2003, Wright disse que os negros deveriam condenar os EUA por sua atitude para com eles: "Deus maldiga os Estados Unidos por dispensar aos seus cidadãos um tratamento inferior ao humano. Deus condene os EUA enquanto estes continuarem atuando como se fossem Deus e supremos".


A mim parece que o reverendo Wright tem uma postura e uma visão bastante sóbria sobre o povo e as recentes políticas externas estadunidenses, mas parece que a verdade incomoda este povo que gosta e quer continuar “brincando de ser Deus” e impor ao mundo todo o seu modo de vida como se este fosse superior aos demais.
Gostaria que Obama ratificasse o discurso de seu antigo "assessor espiritual", mostraria maturidade com isso, mas seria um suicídio político.
Gostaria que o povo daquele país repensasse sua conduta, mas parece que isso é impossível diante da empáfia em que vivem e da própria crença de que são "O" povo predestinado por Deus.

Aos que vêem alguma esperança de avanço ou melhora de postura dos EUA com uma vitória eleitoral de Barak Obama temo que vão se decepicionar.

Abraço a todos!